Você perpetua a cultura de estupro?

maio 28, 2016 Helô Righetto 1 Comentários


Ei, você. Responda sim ou não para as perguntas abaixo:

1. Você ja buzinou para uma mulher que estava andando na calçada?
2. Você já chamou uma mulher de gostosa seja na rua, na balada, na escola?
3. Você já tocou uma mulher (em qualquer parte do corpo) que não conhece simplesmente porque a achou bonita e gostosa?
4. Você já falou pra uma mulher que ela deveria ir lavar uma pia de louça ou que ela precisa de uma rola no meio de uma discussão?
5. Você já fez ou já riu de alguma piada machista, do tipo que fala que lugar de mulher é na cozinha, servindo homem?
6. Você já recebeu fotos de mulheres nuas através das redes sociais e não advertiu a pessoa que mandou?
7. Você já insistiu pra uma mulher te beijar mesmo depois de ela ter claramente demonstrado que não estava afim?
8. Você acha que mulher que usa roupa justa, saia curta e blusa com decote está pedindo pra ser assediada?
9. Você já deu em cima de uma mulher e quando ela disse que tinha namorado você foi lá e pediu desculpas para o namorado?
10. Você respondeu sim para alguma das perguntas anteriores?

Se sim, você tem parcela de culpa pela cultura machista e contribuiu para a cultura do estupro. Cultura do estupro, sabe? Não? É aquela coisa que faz com que os homens achem que as mulheres são inferiores, que devem se submeter a vontade deles mesmo quando não querem. Cultura de estupro é aquela coisa que deixa um grupo de 30 homens - que não são doentes, não são psicopatas - a vontade para dopar e estuprar uma mulher, e além disso publicar um vídeo do feito na internet. Cultura de estupro é a imprensa chamar a vítima de 'suposta vítima' depois que o vídeo que compra o fato ter viralizado. Cultura de estupro é o delegado botar panos quentes na situação.

Se você respondeu sim a alguma das questões anteriores, não perca tempo procurando desculpas para o seu comportamento. Apenas haja: ajude a gente a mudar tudo isso. 

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A passagem de som

maio 27, 2016 Helô Righetto 1 Comentários


A programação de ontem em Barcelona era conhecer a região de Montjuic. Visitar a Fundação Miró, pegar o teleférico até o Castelo de Montjuic, passear pelos parques e dar uma volta nos arredores do Estádio Olimpico. O que a gente não sabia que ia fazer, quando acordamos, era que esse dia terminaria em um show do Coldplay.

Quando eu e meu pai paramos num quiosque ao lado do estádio para tomar um café, começamos a escutar o som vindo lá de dentro. Alguém estava fazendo uma passagem de som. Foi fácil descobrir que era o Coldplay, pois um cartaz ao lado do quisoque anunciava os próximos shows a acontecerem ali.

Tomamos o café e fomos até o portão principal. A essa altura, o Chris Martin já tinha começado a cantar. Eu, meu pai e mais uma galera que estava passando por ali, naquele dia e naquela hora, resolvemos ficar e escutar mais. Era quase um show particular! Conseguíamos ver um pouquinho do palco através das grades, e foi só ele cantar Paradise e Yellow pra galera até ensaiar uns passinhos. Ali na calçada mesmo!

Poxa, que bacana que seria ver o show do Coldplay em Barcelona. Vou pesquisar na internet, vai que tem um ingresso sobrando né? E não é que tinha????

'Pai, tem ingresso, vamos?' 'Compra, vamos'

Não estava no orçamento da viagem, e um ingresso assim em cima da hora não saiu baratinho. Mas valeu cada centavo. Eu teria pago até mais.

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Os 4

maio 25, 2016 Helô Righetto 1 Comentários

Esses somos nós. Fotos assim dos 4 reunidos são raras, principalmente nos últimos anos. Então fica aqui o registro (e sim!!!! Agora eu tenho uma GoPro! Foi presente do Martin, eu tava me sentindo uma blogueira muito da fajuta).

A foto foi tirada hoje a tarde, durante nossa visita a Girona, uma cidade medieval sensacional que fica a 100km de Barcelona.


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De Paris a Barcelona

maio 23, 2016 Helô Righetto 2 Comentários


Ai que título de post mais nojento!

Na semana passada estivemos em Paris para um fim de semana prolongado (quando o Eurostar oferece passagens a 29 libras e os amigos podem te receber em casa, não tem como não ir!), e hoje cheguei em Barcelona para 10 dias de férias em família. Dessa vez o Martin não veio!

Pois é! Há uns meses meu pai aproveitou uma promoção e comprou passagens pra ele e minha mãe. Aí, é claro, eu comprei a minha. Então minha irmã se empolgou também e comprou a dela. Então estamos nós 4 aqui, vivendo num mesmo apartamento, como nos velhos tempos. Veremos: ou será um sucesso ou a briga vai ser feia!

Façam suas apostas. Nos falamos em dez dias : )

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Leitura: Why Not Me?, Mindy Kaling

maio 19, 2016 Helô Righetto 1 Comentários


Mindy Kaling é atriz, produtora e roteirista de uma série de televisão americana (The Mindy Project), e ficou conhecida quando atuou (e escreveu) em outra série, The Office. Apesar de eu não amar essa série dela (vi alguns capítulos, divertida e tal, mas não me prendeu), eu gosto bastante dela.

Esse é seu segundo livro (não li o primeiro) e como falei lá no Instagram, o conteúdo é bem pessoal. É como se fosse um blog, mas com o apelo de ter sido escrito por alguém que tem fofocas mais interessantes, que envolvem até o Obama.

É uma leitura fácil e engraçada, e ela consegue ser sarcástica de forma muito inteligente. Também aborda o lance de ela ser mulher, de descedência indiana e não ter o 'corpo hollywoodiano' perfeito que geralmente vemos desfilar nos tapetes vermelhos da vida.

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Central do Textão

maio 18, 2016 Helô Righetto 11 Comentários

Há uns meses a Tina (que eu conheci no Twitter - quantas vezes eu já escrevi nesse blog essa frase?) me incluiu num grupo secreto no Facebook. O grupo chamava 'blog dos blogs' e basicamente reunia pessoas que escrevem blogs (e conhecem a Tina) há algum tempo. A ideia da Tina era ótima e simples: criar um site que agregasse esses blogs, não apenas para reunir conteúdo bacana mas também estimular os blogueiros a continuar escrevendo.

Foi assim que surgiu a Central do Textão. Todos os posts que eu publico aqui são 'puxados' pra lá, ele funciona como uma janela para o maravilhoso mundo dos blogs. E é uma janela mesmo: se você clicar em alguma coisa lá, será redirecionado para o blog original.

Eu adorei a iniciativa da Tina, que conseguiu gerenciar tudo sem stress e muito rápido. Todos os participantes fizeram uma vaquinha para pagar uma pessoa (Juliana Vilela) para criar o site.

Foi a partir de um site semelhante, o Mundo Pequeno (que apesar de ainda existir está desatualizado), que eu encontrei o antigo blog pessoal da Claudia, hoje uma grande amiga e sócia no Aprendiz de Viajante. Aliás, o Mundo Pequeno serviu como uma janela para o mundo, e foi nele que eu encontrei inspiração e motivação em momentos que estava totalmente entediada e infeliz no trabalho, há muitos e muitos anos.

Por isso que estou contentíssima em fazer parte da Central do Textão. Estou ao lado de um monte de gente bacana, que escrevem sobre os mais variados assuntos. Política, filmes, livros, feminismo, paranóias, bobagens e sucessos da vida cotidiana. Você vai encontrar muita coisa boa lá, prometo!

Central do Textão

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Leitura: A Memória de Todos Nós, Eric Nepomuceno

maio 12, 2016 Helô Righetto 1 Comentários

A única coisa que posso escrever no dia de hoje é a sobre esse livro. Esse livro maravilhoso que meu pai me emprestou e que eu não poderia ter lido em momento mais propício. Um livro que conta histórias (verdadeiras) sobre as ditaduras na América Latina.

A gente (a gente eu digo, quem não viveu na ditadura) sabe o quanto ela foi pavorosa. Ouvimos histórias dos nossos pais, lemos textos, aprendemos na escola (ainda que pouco). Mas esse livro me mostrou horrores que eu não conhecia. Horrores como os vôos da morte na Argentina, os bebês tirados de suas mães semanas depois de terem nascidos e entregues a famílias de policiais e pessoas coniventes com o regime. E outros absurdos como as leis que anistiam todo e qualquer envolvido com a ditadura a ser julgado e condenado.

O triste é que entre os países citados nesse livro, o Brasil é o mais atrasado em correr atrás de esmiuçar o passado. E, quem tenta, tem seu tapete puxado.

Leia esse livro. É a melhor aula de história que vocês podem ter.

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O grande dia: minha primeira meia maratona

maio 09, 2016 Helô Righetto 13 Comentários


Eu corri uma meia maratona. Euzinha aqui, e o Martin, corremos VINTE E UM QUILÔMETROS (uma das primeiras coisas que pensei quando cruzei a linha de chegada foi: como alguém aguenta fazer o dobro disso? Como é possível alguém correr uma maratona inteira?).

Eu tô muito orgulhosa, muito mesmo. Sabe quando você volta de viagem e quer ficar olhando as fotos e só quer conversar dessa viagem com os amigos? Todo mundo de saco cheio de ouvir, e você vira aquela pessoa chata e monotemática por um tempo. Bom, essa sou eu. Acho que isso vai pro meu 'hall da fama' particular, e quero lembrar desse dia pra sempre.



Pra quem quer fazer uma meia maratona em Londres, recomendo demais fazer a Run Hackney. A organização estava impecável, e a atmosfera é maravilhosa. Teve torcida o percurso inteiro. Foi muito legal estar do 'outro lado' e receber apoio do pessoal que vai pra rua pra bater palmas, gritar, distribuir água e dar um apoio moral. Alguns moradores das ruas por onde passamos levaram mangueiras pro lado de fora pra ajudar os corredores a se refrescarem, muito bom!

Haviam muitos pontos oficiais de distribuição de água e também Lucozade, eu acho que não fiquei mais de 2km sem tomar água. Aliás, mais de uma vez eu estava com uma garrafa de água em uma mão e uma de Lucozade na outra!

O maior obstáculo dessa corrida foi o calor. Justamente ontem calhou de ser o dia mais quente do ano em Londres até agora. O que seria maravilhoso, se eu não tivesse que correr a minha primeira meia maratona sob o sol escaldante e o asfalto fervendo. Desde antes da largada (aliás, dias antes, quando saiu a previsão do tempo, recebemos email dos organizadores pedindo que todo mundo se hidratasse e pegasse leve na corrida, sem tentar fazer um 'personal best') fomos aconselhados a tomar muita água durante todo o percurso e diminuir o ritmo se não estivéssemos nos sentindo bem. Infelizmente vimos bastante gente passando mal, mas todos atendidos prontamente por paramédicos (obrigada St John Ambulance!). Confesso que toda vez que via alguém estirado no chão recebendo oxigênio eu pensava: 'espero que eu não seja a próxima!'. E aí eu jogava mais água na cabeça e no rosto e seguia em frente.

Eu geralmente sou sensível ao sol e calor, e treinando meses no frio, estava com medo sim de passar mal. Mas segui firme e forte. Senti cansaço, as pernas ficando 'duras', mas a respiração estava boa e não rolou sensação de fraqueza.

Os últimos três quilômetros foram muito difíceis. Não tinha nenhuma sombra, e, pra completar, tinha uma subida muito chata. Você ouve a torcida gritando 'well done, you are almost there, kepp going, looking great!', e o Garmin também marca 19, 20km... mas cadê a linha de chegada? Não chega nunca! Aí as pernas pesam mesmo e dá muita vontade de parar de correr e seguir caminhando. Nessa hora eu tirei força de não sei onde e comecei a gritar eu mesma 'come on! we are almost there!'. Isso não apenas me ajudou mas ajudou também o pessoal que estava ao meu redor - recebi muitos sorrisos e palmas dos meus colegas corredores assim como da galera que estava assistindo. Foi um momento bem especial (e fico emocionada só de lembrar).

Eu e o Martin estávamos juntos o tempo todo. Em uma corrida desse porte, com 15 mil participantes, fica difícil estar literalmente lado a lado. Estávamos sempre muito perto, alguns momentos ele um pouco mais pra frente, mas um sempre de olho de outro. Se ele estava na frente, eu me motivava para alcança-lo, e vice versa. Como eu falei, o finalzinho foi cruel, e quando a linha de chegada estava a vista a gente deu as mãos e foi!



Completamos a meia maratona em 2 horas e 15 minutos, nosso pace médio foi de 6m22s por quilômetro (na última prova de 10k que fizemos, pra vocês terem uma ideia, o pace médio foi de 5m42s), mais alto do que nos treinos. Mas com o calor, pra gente seria impossível ir mais rápido. Mas está feito! Agora é planejar os próximos desafios e continuar correndo, claro!


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Aqui, aí, em todo lugar

maio 06, 2016 Helô Righetto 2 Comentários


Essa semana eu falei no Snapchat que odeio correr sozinha. Bom, pra quem não sabe, eu e o Martin corremos juntos, mas tem dias que um de nós tem compromisso, aí embola o meio de campo e cada um precisa 'repor' a corrida perdida sozinho. Enfim, não é frequente, mas acontece.

Eu tive que correr sozinha um dia desses. Quando isso acontece, eu mudo de percurso: em vez de ficar a maior parte do tempo correndo na rua, eu fico dentro do parque. Eu faço isso pra evitar assédio. Se você é homem, vai achar essa afirmação estranha, mas se você é mulher certamente está pensando em quantas vezes você já fez isso também, mudar o caminho porque está sozinha.

Mas no curto caminho entre a minha casa e o parque, sempre tem um babaca. Dessa vez especificamente um babaca que passou de carro e gritou qualquer coisa pra mim. Gritou e continuou dirigindo sei lá pra onde, mas com certeza alguns segundos depois ele esqueceu o que fez. Talvez tenha feito de novo, talvez faça isso o tempo todo. Não importa. Seguiu em frente.

Eu segui correndo também, mas é claro que não esqueci. Botei ali no meu compartimento de assédios na rua. E chegando em casa eu fiz esse desabafo no Snapchat. Pô, tô ali fazendo meu treino, concentrada, e tem babaca que acha que eu sou entretenimento. Que saco.

Um monte de gente me respondeu se solidarizando. Mas a maioria das pessoas expressou supresa em saber que aqui em Londres isso acontece também. Pessoas que vivem no mundo todo (essa é a vantagem do Snapchat), falando que não sabiam que havia sexismo no Reino Unido.

Eu entendo que a gente tenha essa impressão que em um país europeu a gente esteja muito além de algo tão grotesco quanto sexismo. Que talvez você more em uma cidade onde não precise lidar com esse tipo de problema, e isso é maravilhoso. Muito bom mesmo. Pode sair pra correr e não se preocupar com alguém que passe de carro e buzine. Ou voltar da balada tarde da noite, sozinha, sem segurar a chave na mão.

Mas o que não podemos é fazer com que esse privilégio crie uma espécie de esquecimento. Afinal, se o machismo não te afeta, o que você tem a ver com esse problema? Eu acho que aí que mora o perigo. Quanto mais afastados estamos, menos nos importamos. Eu sei que é difícil se solidarizar com algo que acontece tão longe da sua casa, do seu entorno.

Mas, se você ficou indignado com o que aconteceu comigo nas ruas de Londres, use isso pra pesquisar o problema, investigar a fundo. Não deixe o sentimento morrer. Informe-se, converse, compartilhe informação. Use as redes sociais como aliadas nessa luta. Não se solidarize apenas comigo - eu também sou muito privilegiada, e o sexismo que eu encaro no dia a dia é apenas a ponta do iceberg - mas olhe mais longe: olhe para as mulheres que não podem fazer escolhas, que não podem dirigir, que não podem andar de bicicleta (sabia dessa?), que são violentadas e não tem para quem recorrer, que ganham menos porque são mulheres, que são assassinadas porque são mulheres.

Aí na sua cidade pode estar tudo bem. Mas e no resto do mundo?

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